" Às vezes vemos na escola apenas o instrumento para transferir uma certa quantidade de conhecimentos à geração seguinte. Mas é errada essa concepção. (...) A sua missão é desenvolver nos jovens capacidades e qualidades que contribuam para o bem-estar da comunidade. (...) O objectivo deve ser (...) o de treinar indivíduos que pensem e ajam de forma independente, indíviduos que encarem o serviço prestado à comunidade como o maior desafio das suas vidas."
"... a ambição, ou em termos mais suaves, o desejo de ser reconhecido e considerado publicamente, é algo que está firmamente cravado no fundo da natureza humana. Sem este género de estímulos mentais, a cooperação entre os homens seria de todo impossível: o desejo de aprovação pelos nosso congéneres é sem dúvida um dos laços mais fortes de qualquer sociedade."
"A escola deve ter como objectivo que os seus alunos saiam dela com uma personalidade harmoniosamente formada, e não como meros especialistas. Isto, em certo sentido, e a meu ver, é verdade até para as ecolas técnicas, que formam alunos para profissões claramente definidas. O desenvolvimento de uma aptidão geral para pensar e julgar de uma forma independente é algo que devia ser valorizado antes de tudo o mais, isso e não a aquisição de conhecimentos específicos. se uma pessoa denomina os fundamentos da sua disciplina e aprendeu a pensar e a trabalhar de forma independente, acabará certamente por encontrar o seu caminho, além de que terá mais facilidade em adaptar-se ao progresso e às mudanças..."
Albert Einstein (2005). Como vejo a ciência, a religião e o mundo. Lisboa, Relógio D'Água Editores.
O Reconhecer foi criado com o objectivo de debater assuntos relacionados com a educação de adultos em portugal. Este Blog nasceu de uma ideia de partilha de experiências dentro da equipa do CNO ESA (Escola Secundária de Anadia).
quarta-feira, 22 de julho de 2009
O problema da profissionalização
A iniciativa Novas Oportunidades trouxe um investimento acentuado para a formação de quadros técnicos em diferentes níveis de qualificação. Este investimento é importante a dois níveis, um o da qualificação profissional e escolar dos activos portugueses, outro o da formação de jovens para o mundo do trabalho.
Se me parece que o primeiro é de louvar, uma vez que os adultos portugueses activos necessitam de melhorar as suas qualificações de forma a tornar a nossa produtividade melhor e mais competitiva, tenho sérias dúvidas em relação ao segundo.
É certo que era necessário fortalecer a oferta educativa e formativa para níveis de qualificação intermédios (especialmente nível III e IV), mas receio vir a acontecer o mesmo que se passou com o ensino superior. Ou seja, uma proliferação desregulada de cursos sem a devida adequação da oferta ao mercado de trabalho existente. Seria importante estudar rapidamente esta questão.
Porque não uma iniciativa conjunta do Observatório de Emprego com a ANQ de forma a, pelo menos, publicar dados relevantes para orientar as entidades formativas em relação à oferta formativa relevante e à sua dispersão geográfica? É preciso também sensibilizar os jovens e promover acções de informação que os cative para as questões profissionais.
O que parece estar a acontecer é estar a criar-se cursos de certificação profissional de forma arbitrária, sem ter em consideração questões de empregabilidade e de dispersão geográfica.
Se me parece que o primeiro é de louvar, uma vez que os adultos portugueses activos necessitam de melhorar as suas qualificações de forma a tornar a nossa produtividade melhor e mais competitiva, tenho sérias dúvidas em relação ao segundo.
É certo que era necessário fortalecer a oferta educativa e formativa para níveis de qualificação intermédios (especialmente nível III e IV), mas receio vir a acontecer o mesmo que se passou com o ensino superior. Ou seja, uma proliferação desregulada de cursos sem a devida adequação da oferta ao mercado de trabalho existente. Seria importante estudar rapidamente esta questão.
Porque não uma iniciativa conjunta do Observatório de Emprego com a ANQ de forma a, pelo menos, publicar dados relevantes para orientar as entidades formativas em relação à oferta formativa relevante e à sua dispersão geográfica? É preciso também sensibilizar os jovens e promover acções de informação que os cative para as questões profissionais.
O que parece estar a acontecer é estar a criar-se cursos de certificação profissional de forma arbitrária, sem ter em consideração questões de empregabilidade e de dispersão geográfica.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
A construção de projectos vocacionais nos CNO
Muito se tem falado sobre a construção de projectos vocacionais nos CNO, até porque as próprias orientações da ANQ o salientam.
De facto, numa sociedade de conhecimento em que as qualificações são cada vez mais importantes, os percursos dos adultos nos CNO só têm sentido à luz da construção contínua de um trajecto de vida, pessoal e profissional, que permita a actualização de conhecimentos e a abertura de novas portas.
Desta forma, é essencial para os técnicos Novas Oportunidades integrar, em conjunto com o adulto, a sua passagem no centro como um passo para estabelecer novos desafios, novas oportunidades (passo a redundância). A este nível é importante a involvência dos técnicos, pois só em contextos de relações de confiança significativas é que muitas vezes estes projectos vêm a luz.
Em relação a esta ideia, um breve comentário ao trabalho do Prof. J. L. Coimbra (FPCEUP), sobre as experiências de acção-integração no desenvolvimento vocacional.
Para que o desenvolvimento humano ocorra, é importante a envolvência em experiências de vida significativas (Coimbra, 1991). Estas experiências permitem o desenvolvimento da relação entre o sujeito e o mundo, através da construção do self e das suas estruturas internas de conhecimentos (Mahoney & Liddon, 1988). No entanto, para que estas experiências sejam significativas, devem conter elementos de novidade, desafio, esforço e envolvimento emocional, articulados com objectivos pessoais do sujeito (Coimbra, 1991).
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
De facto, numa sociedade de conhecimento em que as qualificações são cada vez mais importantes, os percursos dos adultos nos CNO só têm sentido à luz da construção contínua de um trajecto de vida, pessoal e profissional, que permita a actualização de conhecimentos e a abertura de novas portas.
Desta forma, é essencial para os técnicos Novas Oportunidades integrar, em conjunto com o adulto, a sua passagem no centro como um passo para estabelecer novos desafios, novas oportunidades (passo a redundância). A este nível é importante a involvência dos técnicos, pois só em contextos de relações de confiança significativas é que muitas vezes estes projectos vêm a luz.
Em relação a esta ideia, um breve comentário ao trabalho do Prof. J. L. Coimbra (FPCEUP), sobre as experiências de acção-integração no desenvolvimento vocacional.
Para que o desenvolvimento humano ocorra, é importante a envolvência em experiências de vida significativas (Coimbra, 1991). Estas experiências permitem o desenvolvimento da relação entre o sujeito e o mundo, através da construção do self e das suas estruturas internas de conhecimentos (Mahoney & Liddon, 1988). No entanto, para que estas experiências sejam significativas, devem conter elementos de novidade, desafio, esforço e envolvimento emocional, articulados com objectivos pessoais do sujeito (Coimbra, 1991).
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
quinta-feira, 12 de março de 2009
quarta-feira, 11 de março de 2009
A globalização e competências transversais
Com o avanço tecnológico, evolução de redes sociais globais e consequente aumento das trocas comerciais, novas formas de trabalho e de produção emergiram. Com estas, novas competências são também exigidas aos próprios trabalhadores e cidadãos de um modo geral.
A produção em massa foi substituída por uma produção específica e efémera, cada vez mais dirigida a necessidades individuais dos consumidores. As empresas têm necessidade de inovar nos seus produtos e de apostar nas novas tecnologias de forma a criar competitividade comercial e a flexibilizar a produção.
Deste modo, aos trabalhadores são exigidas competências de autonomia, flexibilidade, adaptação a novos contextos, trabalho em equipa e criatividade. A noção de competência transversal, que se transpõem para diferentes contextos, ganha assim terreno.
Torna-se assim importante que a escola e a formação profissional sejam espaços de desenvolvimento de competências transversais, acompanhando a própria evolução social e adaptando-se às suas necessidades. Como tal, é importante tornar a escola um contexto flexível, que esteja pronto a acolher os cidadãos em qualquer fase das suas vidas.
Deixamos a era do "trabalho para a vida" para entrar na da "escola para a vida"!
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
A produção em massa foi substituída por uma produção específica e efémera, cada vez mais dirigida a necessidades individuais dos consumidores. As empresas têm necessidade de inovar nos seus produtos e de apostar nas novas tecnologias de forma a criar competitividade comercial e a flexibilizar a produção.
Deste modo, aos trabalhadores são exigidas competências de autonomia, flexibilidade, adaptação a novos contextos, trabalho em equipa e criatividade. A noção de competência transversal, que se transpõem para diferentes contextos, ganha assim terreno.
Torna-se assim importante que a escola e a formação profissional sejam espaços de desenvolvimento de competências transversais, acompanhando a própria evolução social e adaptando-se às suas necessidades. Como tal, é importante tornar a escola um contexto flexível, que esteja pronto a acolher os cidadãos em qualquer fase das suas vidas.
Deixamos a era do "trabalho para a vida" para entrar na da "escola para a vida"!
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
O que é a competência?
O conceito de competência é multifacetado e a sua definição varia consoante a perspectiva teórica adoptada. De um modo geral, as diversas abordagens a este conceito encerram 3 elementos constitutivos da competência:
- Acção, o "saber-fazer": capacidades para colocar em prática a execução de determinada tarefa, a qual resulta da aprendizagem em contexto através da experiência;
- Conhecimento, o "saber": o conhecimento geral ou científico/ tecnológico que engloba as leis e modelos que sustentam teoricamente a acção;
- Comportamento, o "saber-ser": atitudes, qualidade e valores associadas às capacidades evidenciadas e que veiculam a acção dos indivíduos.
- Acção, o "saber-fazer": capacidades para colocar em prática a execução de determinada tarefa, a qual resulta da aprendizagem em contexto através da experiência;
- Conhecimento, o "saber": o conhecimento geral ou científico/ tecnológico que engloba as leis e modelos que sustentam teoricamente a acção;
- Comportamento, o "saber-ser": atitudes, qualidade e valores associadas às capacidades evidenciadas e que veiculam a acção dos indivíduos.
quinta-feira, 5 de março de 2009
A sociedade do conhecimento e a educação, por Juan Carlos Tedesco
Juan Carlos Tedesco, tendo ocupado um papel de destaque no sector da Educação na UNESCO, fala-nos sobre a nova estrutura social na "Sociedade da informação", bem como o papel da educação nesta.
Deste ponto de vista, são abordados os problemas da definição de conhecimentos e capacidades que a formação dos cidadãos exige.
Deste ponto de vista, são abordados os problemas da definição de conhecimentos e capacidades que a formação dos cidadãos exige.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Numa entrevista recente, o realizador português António Vasconcelos afirmou que num projecto de realização/ produção de um filme, determinas narrativas, ou cenas, ou sucessão de imagens, são feitas com o objectivo de provocar certas emoções, sentimentos, pensamentos, nos espectadores. A dificuldade aqui presente é que estes planos têm que ser efectuados num tempo certo, pois se a produção encurtar demasiado a cena, o sentimento não tem tempo de maturação e a sucessão de imagens leva a que este perca a sua expressão.
Isto acontece muitas vezes também na vida real. Caminhamos a um ritmo tão rápido que não temos tempo de experienciar sentimentos, emoções e até aprendizagens. Por isso é necessário este espaço de reflexão no RVCC. Para que possa haver momentos estruturados de integração nas nossas vidas.
No entanto, importa não perder a noção dos objectivos do processo.
Um RVCC não é uma intervenção terapêutica, integração sim, mas de aprendizagens.
É uma questão de estruturar um espaço, em conjunto com a pessoa em processo, de integrar e analisar as competências em todas as suas dimensões.
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
Isto acontece muitas vezes também na vida real. Caminhamos a um ritmo tão rápido que não temos tempo de experienciar sentimentos, emoções e até aprendizagens. Por isso é necessário este espaço de reflexão no RVCC. Para que possa haver momentos estruturados de integração nas nossas vidas.
No entanto, importa não perder a noção dos objectivos do processo.
Um RVCC não é uma intervenção terapêutica, integração sim, mas de aprendizagens.
É uma questão de estruturar um espaço, em conjunto com a pessoa em processo, de integrar e analisar as competências em todas as suas dimensões.
Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)
A reflexão no reconhecimento
Porque é essencial a reflexão nos processos de reconhecimento de competências?
Os processos de RVCC, mais que um reconhecer de competências são uma reflexão sobre um percurso de aprendizagens e o estabelecimento de um projecto vocacional.
Desta forma a reflexão torna-se condição necessária ao processo, mas não só para a construção do projecto pessoal, também por uma questão de integração e estruturação das aprendizagens em competências.
Julgo que é ilusório pensarmos que o processo é simplesmente reconhecer o que foi aprendido. O próprio processo em si inclui este espaço de reflexão para que os saberes-práticos adquiridos ao longo da história de vida do adulto possam ser integrados num esquema conceptual coerente que envolva todas as valências cognitivas da competência.
Os processos de RVCC, mais que um reconhecer de competências são uma reflexão sobre um percurso de aprendizagens e o estabelecimento de um projecto vocacional.
Desta forma a reflexão torna-se condição necessária ao processo, mas não só para a construção do projecto pessoal, também por uma questão de integração e estruturação das aprendizagens em competências.
Julgo que é ilusório pensarmos que o processo é simplesmente reconhecer o que foi aprendido. O próprio processo em si inclui este espaço de reflexão para que os saberes-práticos adquiridos ao longo da história de vida do adulto possam ser integrados num esquema conceptual coerente que envolva todas as valências cognitivas da competência.
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