sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Numa entrevista recente, o realizador português António Vasconcelos afirmou que num projecto de realização/ produção de um filme, determinas narrativas, ou cenas, ou sucessão de imagens, são feitas com o objectivo de provocar certas emoções, sentimentos, pensamentos, nos espectadores. A dificuldade aqui presente é que estes planos têm que ser efectuados num tempo certo, pois se a produção encurtar demasiado a cena, o sentimento não tem tempo de maturação e a sucessão de imagens leva a que este perca a sua expressão.

Isto acontece muitas vezes também na vida real. Caminhamos a um ritmo tão rápido que não temos tempo de experienciar sentimentos, emoções e até aprendizagens. Por isso é necessário este espaço de reflexão no RVCC. Para que possa haver momentos estruturados de integração nas nossas vidas.

No entanto, importa não perder a noção dos objectivos do processo.
Um RVCC não é uma intervenção terapêutica, integração sim, mas de aprendizagens.
É uma questão de estruturar um espaço, em conjunto com a pessoa em processo, de integrar e analisar as competências em todas as suas dimensões.

Foto por Nádia Monteiro (http://metamorfosedoego.blogspot.com)

A reflexão no reconhecimento

Porque é essencial a reflexão nos processos de reconhecimento de competências?

Os processos de RVCC, mais que um reconhecer de competências são uma reflexão sobre um percurso de aprendizagens e o estabelecimento de um projecto vocacional.
Desta forma a reflexão torna-se condição necessária ao processo, mas não só para a construção do projecto pessoal, também por uma questão de integração e estruturação das aprendizagens em competências.
Julgo que é ilusório pensarmos que o processo é simplesmente reconhecer o que foi aprendido. O próprio processo em si inclui este espaço de reflexão para que os saberes-práticos adquiridos ao longo da história de vida do adulto possam ser integrados num esquema conceptual coerente que envolva todas as valências cognitivas da competência.